Sucesso

Leve, intenso, potente ... XX CONAELL tem dia repleto de atividades e se encerra em grande estilo

Evento teve dia repleto de atividades envolvendo comunicações orais, minicursos e mesas temáticas

Por Miguel Rodrigues Netto - Setor de Comunicação Institucional
16/11/2023

Público compareceu em bom número ao auditório do Colégio Marista para acompanhar as mesas redondas. (Foto: Miguel Rodrigues Netto)

Leve como uma brisa matinal que nos acorda trazendo a chuva esperada; intenso e potente como a voz das mulheres em suas escritas contra hegemônicas. Assim passou o XX Colóquio Nacional de Estudos Linguísticos e Literários, o nosso CONAELL. Foram dois dias leves de confraternização e empatia, mas ao mesmo tempo dois dias intensos de produção acadêmica e potentes na reafirmação do lugar das letras em plena panaceia digital e no contexto pós-pandêmico. A saudade e a abstinência já toma conta de quem veio e viveu tudo isso. E o segundo dia foi tão bom quanto o primeiro e isso trazemos aqui em resumo.


O dia começou de forma online em meio aos eixos temáticos que abarcaram as comunicações orais. Uma mostra de tudo aquilo que se pesquisa na graduação e pós-graduação esteve presente nas salas virtuais. Trabalhos como "Histórias de vivenciar o estágio de inglês no formato remoto: implicações para a construção da identidade docente" de Letícia Adrielly Silva; "Análise do discurso digital: a cosmologia do ciberpajé" de Fabíola Barros Castrillon e "As representações da mulher indígena nas obras: meu lugar no mundo de katy Sulami e por Los Valles de La Arena Dorada, cuentos de Estercilia Simanca Pushana da autoria de Leandro Faustino Polastrini são apenas três exemplos de um total de 124 comunicações orais aprovadas nessa edição do evento. Ao todo foram dez eixos temáticos com apresentações e muitos deles tiveram sessões no período matutino e também vespertino.


Durante a tarde ocorreram os minicursos sendo três na forma presencial e oito por meio de salas virtuais. Dentre os remotos citamos como amostragem o minicurso "O fantástico contemporâneo e a problematização dos conflitos humanos nos contos de Eduardo Mahon", ministrado por Giselli Liliani Martins do PPGEL da Unemat/Tangará da Serra e Sandra Maria Alves de Souza do PPG Letras da Unemat/Sinop e "Autoria Feminina contemporânea em Mato Grosso: o que sentem essas mulheres?", ministrado pela professora Marta Helena Cocco do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários - PPGEL de Tangará da Serra e também do PPG Letras de Sinop. Já dentre os minicursos presenciais destacamos "O trabalho análogo ao de escravo na contemporaneidade", ministrado pelo professor Valter Zanin da Università Degli Studi di Padova, Itália. O professor que tem formação na área da ciência política fez um panorama vasto dos estudos sobre o trabalho escravo desde a antiguidade ao tempo presente. Trouxe curiosidades como por exemplo o fato de que durante boa parte do período de colonização francesa na américa central e caribe o território de Santo Domingo Francês (atual Haiti) respondeu por 25% das receitas do império. Com certeza muito a se aprender e conhecer por meio desses minicursos.


No período noturno os participantes se reuniram no auditório do Colégio Marista Santo Antônio para acompanhar duas brilhantes exposições. A primeira foi em forma de conferência com o tema "Representações do trabalho (análogo ao de) escravo na literatura internacional e brasileira. A mesa foi mediada pelo professor Henrique Roriz Aarestrup Alves e o conferencista professor Valter Zanin da Universidade de Pádova trouxe novos elementos em relação ao minicurso do período vespertino. Afirmou que a escravidão é "uma mazela que atingiu historicamente sobretudo as mulheres". Ele apresentou um vasto acervo com obras literárias em diversos idiomas e trouxe também importantes esclarecimentos sobre o que é considerado trabalho escravo no Brasil e comparando com a definição em outros lugares do mundo como a Itália e os Estados Unidos. 


Professor Valter Zanin abordou o trabalho escravo em obras literárias


Na sequência foi a vez da mesa redonda: "Escritas femininas produzidas em Mato Grosso" que foi mediada pela pós-doutoranda do PPG Letras Ana Cláudia Servilha Martins Poleto e teve como palestrantes as professoras Adriana Lins Precioso do PPG Letras/Unemat e Marli Walker do Instituto Federal de Mato Grosso - IFMT/Cuiabá. A primeira a falar foi a professora Adriana. Ele trouxe muita potência na sua apresentação, falas marcantes fruto de uma trajetória de lutas como mulher, filha, mãe e professora como ela mesma demonstrou por meio de imagens de sua família como fotos do pai e da mãe já falecidos, de sua irmã e de seu filho. Ela apontou que "foi muito penoso para as mulheres terem lugar de fala. É muito doloroso não poder falar, não poder ser quem realmente é". A professora reforçou que "foram muitos marcos de lutas para as mulheres poderem votar, poder viajar, poder se divorciar" e que cada luta traz o contexto de seu tempo. Ela apresentou um panorama de algumas obras literárias de autoria feminina lendo trechos de poemas e por fim conclamou com a potência de sua altivez que as pessoas "leiam mulheres, precisamos ocupar esse espaço político e de arte". Mais um momento marcante do CONAELL.


A professora Marli Walker que além de escritora e pesquisadora é integrante da Academia Mato-Grossense de Letras começou sua fala trazendo uma perspectiva histórica em que "por muito tempo as mulheres foram espectadoras, leitoras e apreciadoras dos escritos dos homens, sem, no entanto, participar desse processo produtivo". Segundo a professora, sua inquietação em estudar a literatura feminina mato-grossense vem da constatação de que existia um grande vazio de autoria. Marli disse "em que medida a literatura hegemônica masculina retratava o que as mulheres queriam dizer, escrever e quais seus anseios", na realidade essa não era uma preocupação do momento e as mulheres quando apareciam eram de forma idealizada e fora de contexto. Por isso Marli explicou que "não tem problema o homem dizer, mas leia uma obra na perspectiva masculina e outra escrita por mulheres e vejam que é totalmente diferente, por isso também precisamos dizer e ocupar esse espaço".


Professoras durante mesa redonda Escritas femininas em Mato Grosso


No encerramento o professor Henrique agradeceu a todas as pessoas que contribuíram para a realização desta edição comemorativa dos 20 anos do CONAELL e pediu uma salva de palmas para as mulheres que foram imprescindíveis para que o evento se tornasse realidade. Essa edição já deixa saudade e a expectativa já se volta para a próxima edição em 2024.


Quer saber como foi o primeiro dia do XX CONAELL? Leia a matéria a seguir: Emoção, reconhecimento e muitas histórias marcam o primeiro dia do XX CONAELL.


Quer saber tudo do evento? Acesse a página aqui.



Assessoria de Comunicação - Unemat

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